Uma organização é um corpo vivo.
Como um organismo que tem seus movimentos e formas, uma organização cria padrões de funcionamento, padrões emocionais que formam atitudes e comportamentos de expressão.
Esses padrões começam a compor a identidade da empresa, ou seja, a sua Cultura.
O modo de ser de uma organização se faz por sua cultura que é construída nas atitudes, na vida que acontece dentro da organização. Cultura é também movimento.
Organizações estão inscritas em várias camadas de contextos.
Ao observarmos os movimentos e padrões construídos em qualquer organização, devemos sempre lembrar dos contextos.
A cultura organizacional é construída nas atitudes e comportamentos adotados dentro da empresa.
A cultura da organização está inserida em uma cultura social e é perpassada por diferentes tradições.
Podemos observar primeiramente se a organização constrói algo seu, ou copia aquilo que outras organizações fomentam como cultura.
Podemos fazer algumas perguntas para entender um modo de ser de uma organização.
Entendendo esse modo de ser, entendemos como as pessoas que constituem essa organização são perpassadas e afetadas por essas forças, abrindo uma possibilidade para mudança em busca da saúde emocional dos colaboradores e da própria organização, ajudando na sua sobrevivência e adaptação aos contextos em contínua mudança (mundo VICA[1]).
Algumas características a serem observadas são:
Permeabilidade
Todas as informações do mundo de fora entram para a organização e tudo o que é da organização também sai? Não tem privacidade?
Ou é uma organização impermeável, dividida em áreas que não se conversam, fazendo uma grande diferenciação e o mundo de fora é ameaçador?
Qual o nível de troca com o ambiente/mercado em que está inserida?
Contato
As pessoas que constituem a organização estão sempre em contato? Misturam sua vida pessoal?
O contato entre eles é esporádico? Quase não existe? São mais frios? Grudentos?
Proximidade e distância
Existe um espaço na organização para que as pessoas tenham um tempo de descanso sem que sejam julgadas ou cobradas?
Excitabilidade
Os colaboradores ficam tão motivados que têm dificuldade de concentração?
A ansiedade impera entre colaboradores? Ou tudo é contido e ninguém pode mostrar seus potenciais?
Limites
Existem ou não? Como são vividos pelos colaboradores?
Há espaço para dizer "não"? Ou o "não" não é aceito?
Pertencimento e individualidade
Ser individual é aceito? Ter opiniões diferentes?
Quando um colaborador muda de área ou até mesmo decide sair da organização, isso é visto como traição? Existe pertencimento?
As relações são de competição ou de cooperação? É possível analistas serem melhores que gerentes, gerentes serem melhor que diretores, etc..? É permitido crescer?
Para formação de uma organização madura, o ambiente deve possibilitar a formação de pessoas adultas, uma estrutura que dê confiança, mas ao mesmo tempo seja flexível para repensar e inserir o novo.
Uma cultura de suporte e pertencimento constrói uma organização criativa e inovadora, possibilitando trocas com o mercado, fazendo parcerias e formando novas relações.
A teoria de Stanley Keleman, que observa os padrões de reação emocional, pode nos inspirar a observar os padrões de movimento das organizações.
Dessa forma, podemos pensar em organizações com muita motilidade, mais porosas, rígidas ou densas.
Organizações com motilidade alta seriam aquelas com pouca diferenciação de papéis e áreas, sempre voltados para fora, preocupados com o mercado e empurrando de dentro para fora.
Organizações porosas têm pouco suporte para seus colaboradores e também ficam mais voltadas para o mercado do que para aquilo que acontece dentro de si mesmas.
Organizações rígidas são bem estruturadas, conseguem resultados e cumprir suas metas, mas são altamente exigentes com seus colaboradores.
Organizações densas são estruturadas de maneira coesa, conseguem resultados, mas desconfiam de tudo e de todos.
O mundo é visto como ameaçador e fazem poucas parcerias fora de suas portas.
É importante lembrar que estas formas de organização estão o tempo inteiro em transição. A vida é movimento e uma organização para continuar viva precisa transitar.
Essas formas de organização são mutáveis.
O grande problema é quando uma organização fica engessada em um único modo de funcionamento, não cria variações e não abre espaço para adaptação aos contextos que a cercam.
[1] Abreviatura utilizada para explicar o mundo de hoje. Em inglês VUCA e em português VICA, um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo)
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